Eu e o ateísmo
Começo primeiramente que, desde que me conheço por gente, a palavra "ateísmo" só veio me trazer um significado importante à partir dos 10 anos de idade, se não me engano. Por ironia do destino, justamente quando eu ainda estudava no Colégio Sagrado Coração de Jesus (não, não é uma piada...).
Acho que fui começar a ter pensamentos ateístas por ler a bíblia. Achava as histórias bestas e irreais demais. Algo como folhear um livro de uma história de ficção. Eu não tinha uma intepretação como tenho hoje, mas, já era um começo. Lembro também que a sensação que tinha ao rezar era vazia. Resumindo, era como se eu rezasse para o ar. Ou mais precisamente, pro teto.
Isso tudo veio como uma forma de um estalo de dedos no tempo. Tipo aquele estalo que o hipnotizador dá quando a pessoa deve acordar. Algo me dizia que tudo aquilo não passava de charlatanismo e eu estava prestes a virar mais um bobo da vida. À partir de então, começei a deixar a vida religiosa (curta vida religiosa) de lado.
Não vou falar de imediato que foi algo estupendo à curto prazo. Como todo bom ateísta e agnóstico deve saber, falar que você não participa de uma religião é como falar numa roda de estudantes populares que você não fuma e não bebe nenhum tipo de bebida alcoólica. É visto com olhos de herege. Ser inferior, pagão e parado no tempo.
À longo prazo posso dizer sim que foi algo muito bom pra mim. Digo isso com muito orgulho pelo motivo de hoje, eu pegar jornais, revistas e ver manchetes na TV sobre religião e as vezes ficar abismado e aliviado por não participar de certos grupos. Fui percebendo que nenhuma religião, exceto talvez pelo budismo, consegue se safar de participar da política e de mexer com dinheiro. Algo extremamente contraditório já que 99,9% das religiões pregam que seu seguidor tenha preferência ao espiritual e não ao material.
Conversando com um colega meu sobre religião, ele comenta comigo que assistiu uma certa vez na televisão o seguinte anúncio:
"Ganhar dinheiro é um dom divino. Venha participar do nosso culto e aprenda a como utilizar esse dom. Cultos nas cidades de Birigui e Araçatuba. *nome da igreja*"
Do muito que já li da Bíblia, nunca vi ou ouvi alguém me falar de alguma passagem onde Jesus, Deus ou outro ser superior qualquer tenha inventado o sistema monetário e dado à um de seus discípulos o "dom da administração".
A Bíblia. A Bíblia, Alcorão e outros tantos livros sagrados de religiões. Foi por ela que começei a entender e felizmente a me desprender das religiões e suas crenças. Tantas histórias, tantas regras impostas e tanta ficção tão bem boladas e escritas que cegam quem não tiver o mínimo de senso crítico. Não consigo colocar confiança em algo que foi escrito a poucos anos da morte de cristo. Não há como garantir que toda informação contida ali não foi deturpada.
O ateísmo na minha vida significa eu ter voltado à estaca zero daquele período de "aceitação" de alguma religião. Afinal, se
todos nós nascemos ateus, por quê então negar a origem? Já que tenho a total liberdade de experessão e pensamento, posso muito bem desejar sair de um conjunto que não gosto. Conjunto esse que contém pessoas, ideologias, prega comportamentos e exige fidelidade. Eu estou aqui no meu mundo ateísta. E isso não significa que estou parado e esperando surgir uma nova religião que me atraia. Estou aqui por uma questão de defesa. Por quê tenho que acreditar que existe algo superior a mim? Por quê devo aceitar que o que se fala num livro é certo? Se um ser superior existe, por quê não aparece? Existe algum medo de ser rejeitado pelas suas criações?
Dez anos exatos de vida ateísta e posso dizer com todas as palavras e letras: nunca me senti tão bem sendo um ateísta como me sinto hoje.
Antes um ateu "surdo" que um religioso "cego".
Esse post terá uma continuação